sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Berço dos Tempos

Fechemos os nossos olhos, e imaginemos que vivemos numa outra dimensão galáctica. Imaginemos ainda que nesse utópico universo que serve de habitat ao nosso sonho acordado, não ocupávamos espaço, e a eternidade era o limite da nossa existência. E, assim vestidos com esse corpo etéreo que nos dá a eternidade e a Luz dourada, imaginemos também que a dado momento tínhamos a oportunidade cósmica de ver o nosso Universo vazio de estrelas. Vazio de galáxias. E, vazio de qualquer Luz. Nesse Céu cósmico, apenas podíamos distinguir aquela negra mistura de gases primordiais impregnados de matéria e de energia negra e nada mais. Então, através da nossa inteligência cósmica de luz dourada, nós saberíamos que aquele negrume cósmico derivava da grande explosão do Big Bang, que tinha ocorrido apenas há um milhão e meio de anos atrás. Mesmo sem estarmos dotados do conhecimento cósmico e infinito, somente com o conhecimento dos nossos dias sobre deflagrações atómicas e teoria quântica, saberíamos que por consequência daquela gigantesca explosão teria que ter havido uma grande emissão de irradiação cósmica. Aliás, no nosso sonho acordado, ainda podíamos constatar os resquícios daquela imensa irradiação, que por já ser fraca, nos dava apenas vestígios que nos comprovavam aquele acontecimento.

Mas, por estarmos vestidos de tempo cósmico e de espiritualidade etérea, para além de termos tido o privilégio de assistirmos ao lento arrefecimento do nosso querido Universo, imaginemos ainda, que tivemos a oportunidade de assistir à sua permanência na idade das trevas, durante quase meio bilhão de anos, precisamente até ao momento em que com satisfação assistimos ao berço dos tempos. Até ao preciso momento em que sucessivos turbilhões e convulsões do Plasma Cósmico, num manifesto conflito com a matéria invisível, alquimicamente fizessem com que daquele difuso fluido negro nascesse aglomerações de matéria nebulosa, que a todo o momento se cindia por si própria, e que a todo o momento se modificava naquele infinito espaço, para gerar nas regiões incomensuráveis do cosmos, diversos centros de criação de vida e de mistério. Então! Por termos presenciado tal acontecimento, seríamos testemunhas privilegiadas da construção e da criação do nosso Universo.

Por outro lado, se tivéssemos sido as tais testemunhas privilegiadas da criação do Universo, na certa que hoje professávamos que o Plasma Cósmico era o Plasma Divino, uma vez que aquele não fora mais do que o hausto do Grande Arquitecto do Universo. E tanto mais, que no espaço de catorze bilhões de anos, aquele Plasma Divino foi o criador dos sistemas geradores de vida. Pois, foi aquele Plasma que formou as primeiras supernovas, gerou os buracos negros e até criou as galáxias modernas. E por ser o criador desses imensuráveis Mundos Cósmicos, ele é o elemento primordial onde vibram e vivem as Constelações do Universo. E por esse facto, aquele também é, o princípio material do Universo donde derivam todas as coisas materiais. E como o Plasma Divino também é o fluido espiritual sensível ao poder do pensamento e à vontade dos Espíritos, ao mesmo tempo é o gerador e o centro catalisador de toda a espiritualidade do Universo. Pelo que podemos considerar que o Fluido Cósmico, ou o Plasma Divino, nos mais variados ângulos da Natureza, é a Força, é a Sabedoria e é a Beleza em que todos vivemos. Razão porque justamente podemos afirmar também, que em Deus nos movemos, e que em Deus existimos.

Quando observamos um céu nocturno, limpo de quaisquer nuvens, parece-nos que um número infinito de estrela cintila no escuro firmamento. Porém, tal visão é utópica, dado que somente podemos observar a olho nu, aproximadamente 3 mil estrelas. No entanto, se utilizarmos o telescópio espacial Hubble, podemos através dele observar um número aparentemente infinito de estrelas. E tanto mais que para além de facilmente reconhecemos a Via Láctea, na qual se encontra o nosso sistema solar, com biliões de estrelas, podemos também observar o “Grupo Local” onde esta se insere, composto por 30 outras galáxias. E, este “Grupo Local” não é mais do que uma insignificante mancha no superaglomerado “Virgem”, que se estende por mais de 100 mil milhões de anos-luz. Por outro lado, estima-se a existência de mais de cem mil milhões de Galáxias no universo. Pelo que a quantidade de estrelas existentes neste é quase infinita, onde invisíveis e incontáveis mundos à sua volta orbitam, que para além de serem as muitas moradas do Eu Sou, são também os berços da Vida e a concha do Universo. Por conseguinte, pela teoria das probabilidades, é muito pouco provável estarmos sós no Universo. Também à sombra da mesma teoria, é muito pouco provável sermos os únicos seres pensantes e inteligentes deste.

Por outro lado, e por consequência do milagre da Criação, o Universo é a exteriorização do Pensamento Divino, cuja essência partilhamos na nossa condição de futuras partículas de Luz conscientes da Eterna Sabedoria. E como tal, somos também possuidores do mágico e hermético conhecimento, de que desde a superestrutura dos astros, até à infra-estrutura subatómica da matéria, tudo está mergulhado na substância viva do Grande Arquitecto do Universo. E que por consequência deste conhecimento metafísico e Iniciático, passámos a aceitar, sem muito questionar, que o Universo é uma esfera, cujo centro está em toda parte, e cuja circunferência não está em parte alguma. Através deste mesmo princípio, passámos a aceitar também, que o fim mais elevado do Universo é a sua Beleza sob todos os seus aspectos: material, filosófico e moral. A Justiça e o Amor são os seus meios, e como tal, a Beleza na sua essência mais pura, é inseparável do Bem, a qual em estreita união, constituem a Verdade absoluta e a Sabedoria suprema da vida.

Assim, através deste nosso sonho acordado, sabemos que no Universo tudo é efémero. Pois, verificámos que tudo tem um princípio e tudo terá um fim. Na verdade, um Mundo completamente formado, em qualquer momento, pode desaparecer e disseminar-se de novo no Espaço Cósmico. Embora saibamos, que pelo princípio universal, nada se perde e tudo se transforma, por consequência do desaparecimento de um mundo, a matéria que o compõe irá criar outros mundos e gerar outras vidas. No entanto, como perda dum centro criador de vida, não deixará de nos provocar interrogações sobre qual a razão de tal destruição. Porque temos que morrer para renascer? Será este o princípio cósmico da eternidade?

Do nosso sonho acordado retiramos, que o Grande Arquitecto do Universo renova os mundos com a mesma facilidade com que renova os seres vivos. Através deste sonho alquímico retiramos também, que na Criação existem incontáveis Universos, com as suas incontáveis Galáxias, com os seus incontáveis sóis, e com os seus incontáveis mundos. E todos eles, giram e orbitam sobre um plano divino.

Por outro lado, ficámos também a saber, que toda a cósmica Criação: nasce, cresce, envelhece, contrai-se, explode e renasce, numa repetida e incessante recriação do Grande Arquitecto do Universo, num ciclo que se prolongará por toda a eternidade. Portanto, aproveitemos para meditarmos quanto é a nossa pequenez e quanto é a nossa insignificância neste Cosmos.

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